A que viemos

Semeando Girassois é um espaço de boas vibrações!
Aqui estaremos compartilhando, enviando, desejando, distribuindo, mentalizando energias positivas.
Muita luz, vontade de viver e ser feliz!

Semear um girassol é semear vida, semear luz, semear alegria em nossa vida e na vida de nossos próximos.

Somos parte da corrente do bem.

Seja bem vindo. Semeie seus girassois!
Debora Rocha

domingo, 9 de agosto de 2009



Uma despedida é sempre triste, sobretudo quando não depende de você, e sim das circunstâncias da vida. Lembro de uma, talvez a mais sofrida, quando eu tinha 17 anos. Estava em Paris, apaixonada, mas tinha que voltar, por mil razões: falta de dinheiro, falta de condições (e de atitude) do apaixonado, por inexperiência, incapacidade de eu mesma tomar uma atitude, enfrentar as dificuldades e ficar. Tantas já ficaram, por que não eu? Mas o Universo conspirava contra, e eu era jovem demais. Foi aos soluços que to meio avião e também aos soluços fiz a viagem inteira, que era longa, por sinal. Mas, quando a gente se convence de que não há solução, acaba passando. E passou.
Passou e, quando me lembro, vejo como eu era boba. Mas aos 17 temos esse direito. Nos dias de hoje, quando chega a hora do final do namoro, já se está programando o que fazer naquela noite, para não pensar no assunto
. E ninguém mais se despede; quem decidiu ir embora dá um rápido tchau, às vezes por telefone – quando não some, simplesmente –, e fim de papo.
Mas há as que gostam da dor e prolongam a despedida para sofrer um pouco mais. Exemplo: se os dois moram juntos e é ele quem vai embora,
não há nada pior do que a cena de fazer as malas, separar os CDs, os livros, e você olhando e chorando. Meu sábio conselho: avise que vai passar 24 horas fora de casa e que, nesse tempo, a bagagem deve ser retirada sob pena de ser jogada pela janela. Ruim vai ser voltar para casa e ver o armário vazio e muitas vezes – quase sempre – descobrir que coisas que eram dos dois foram levadas (às vezes nas suas malas). Aí dá raiva, e nada melhor para começar a parar de sofrer do que uma boa raiva.

É duro, mas não há como negar: para que uma separação seja perfeita, é preciso que haja algum dano material. Nada de bancar a fina numa hora dessas. Sumir com umas gravatas prediletas, esconder alguns discos que ele adorava e sobretudo fazer desaparecer coisas pequenas, sem nenhum valor, mas que vão fazer muita falta. Aquele aparelhinho para tirar os pelinhos do nariz, todas as fotos em que vocês estavam juntos e outras dele sozinho – para essas, lixo, sem pensar duas vezes; e, se você for mesmo uma peste e estiver sofrendo muito, suma com o fio do computador. São detalhes que nos fazem um bem enorme e que são fundamentais na hora do sofrimento. Estamos falando de um caso de amor que acabou por culpa dele, é claro. Saber que ele está com raiva alivia muito um coração sofredor.
Mas existem aquelas separações provisórias – por razõ
es profissionais, por exemplo–, em que os dois se amam, mas vão ter que passar meses sem se ver. Nesses casos, não há por que fazer cerimônia: é chorar e se preparar para a ausência do amado suspirando cinco vezes por minuto e não achando graça em nada. Esse é o preço que se paga quando se gosta e é preciso ficar longe. O que me faz lembrar um verso de Neruda que diz: “Para que nada nos separe, que nada nos una”. Lindo, mas alguém quer isso? Então vamos ser fortes, sabendo que amamos, sofremos, choramos, voltamos a ser felizes, e assim segue a vida. O que é muito fácil de dizer quando não estamos sofrendo por amor.
Danuza Leão

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